terça-feira, 19 de outubro de 2010

solidão?

Neutralizar o mundo pelo poder sonoro, fechar-se em si mesmo, flutuar e sentir no corpo o ritmo dos amplificadores. Hoje em dia o barulho e as vozes da vida se tornam parasitas, é preciso identificar-se com a música e esquecer a exterioridade do real. Já dá para ver isso: adeptos do jogging e do skate praticando os seus esportes com transmissores estereofônicos diretamente nos tímpanos, automóveis equipados com aparelhos de som com amplificadores que funcionam a 100 W, discotecas com amplificadores com 4.000W de potência, concertos pop nos quais o som atinge 14.000W; enfim, toda uma civilização que ultimamente vem fabricando, como dizia Le Monde, uma geração de surdos, jovens que já perderam 50% da sua capacidade auditiva. Surge uma nova indiferença ao mundo que já não acompanha nem mesmo o êxtase narcisístico da contemplação de si mesmo; hoje em dia Narciso se desoprime rodeado por amplificadores, com fones de ouvido, auto-suficiente em sua prótese de sons graves (Gilles Lipovetsky)

fones de ouvido: nos fazem ouvir apenas o conveniente,
mas contribuem para afastar o contato do ser humano que já anda escasso. 
Como dizia Renato Russo: O mal do século é a solidão.
Por isso nunca é tarde pra pedir: -mais amor, por favor!

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